domingo, 29 de junho de 2008

Diário de Israel


Irmãos, compartilho os acontecimentos da viagem que fiz a Israel nesse mês de junho de 2008, as experiências com o Senhor e com os companheiros de jornada.
Orei ao Senhor para que cada palavra a partir daqui seja para enriquecer a vida dos irmãos, como testemunho, e, principalmente, para glorificar o nome de Deus.
Vamos lá...

PREPARATIVOS:

Como todo cristão, nutria o desejo de conhecer a terra em que nosso Senhor e Salvador pisou enquanto esteve vivendo nesse planeta. Entretanto, essa vontade se intensificou muito no último ano, após a leitura de alguns relatos de irmãos que lá estiveram.

Então orei ao Senhor, pedindo a Ele que se fosse da Sua vontade, que se isso fosse agradá-lo, que me permitisse realizar esse desejo, que criasse as condições para tanto.

Disse o Senhor: “Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa” (João 16:24). E foi exatamente isso o que ocorreu. Pedi e recebi, e a minha alegria realmente foi completa. “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Salmo 37: 4).

E as condições realmente foram criadas pelo Senhor. Eu queria viajar com um grupo cristão e num sábado pela manhã eu e minha irmã ligamos a televisão no programa do Pastor Isaías, da Igreja Encontros de Fé, exatamente no momento em que estava sendo anunciada a viagem a Israel, e eu havia recebido na sexta-feira uma provisão financeira inesperada que tornaria possível realizar o projeto.

A mão do Senhor esteve em tudo desde o primeiro momento, porque entreguei tudo a Ele.

VÉSPERAS:

O Senhor aproveitou esse projeto para me tratar de algumas coisas. No meu discipulado aprendi dos irmãos Bete e Caminha sobre a trindade maligna: orgulho-vaidade-soberba. Os sentimentos que o diabo usa para nos fazer cair. E eu caí no pecado da vaidade: inventei de fazer uma sessão de escleroterapia para secar uns vasinhos nas pernas na semana da viagem. O resultado: quase tive uma trombose.

Já fiz esse procedimento algumas vezes, sem nunca ter havido qualquer problema. Somente nessa oportunidade. E outros irmãos que foram na viagem compartilharam dos problemas que cada um teve exatamente na semana que antecedeu a partida. O diabo tentou de tudo para que não fôssemos. Mas o Senhor foi fiel com cada um que escolheu.

De minha parte, as experiências com o Senhor começaram aí. Com a reflexão a respeito de como o diabo astutamente se infiltra em nossa vida e usa uma brecha que nós mesmos inadvertidamente damos a ele para nos fazer cair. Por isso, bem disse o Senhor: “vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41).

Porém, a misericórdia de Deus é o que nos redime. No Aeroporto Salgado Filho o Pr. Nazareno, um dos nossos companheiros de viagem, que tem os dons da fé e da cura, orou por mim e fiquei curada. E as maravilhas do Senhor começaram aí.

VIAGEM:

Tivemos alguns contratempos em Porto Alegre. Viajamos justamente no dia do caos no aeroporto, por conta da ausência de um equipamento, o que teria feito a Infraero cancelar os vôos. E mais uma vez a mão do Senhor se mostrou presente sobre nós: fomos uns dos primeiros a embarcar, quando já havíamos desistido e íamos a São Paulo de ônibus.

É claro que ninguém gosta de ficar esperando a esmo, de perder os vôos de conexão, acarretando atraso ao destino final e a perda de um dia de viagem. Porém, em tudo há os desígnios do Senhor. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). E o Senhor usou esse tempo para que nós nos conhecêssemos melhor, para que aprendêssemos a cuidar uns dos outros e a confiar em Sua vontade e em Seu amor. Ele nos ensinou a sermos perseverantes e pacientes. “... mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Romanos 5: 2-4). “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação; na oração, perseverantes” (Romanos 12:12).

FINALMENTE, ISRAEL:

Depois do nosso deserto, chegamos à Terra Prometida. Israel é lindo, é totalmente diferente. A primeira visão de Jerusalém, com suas casas de uma arquitetura tão diferente, todas de cor bege, em diferentes nuances, é indizível. Um território misto de arenoso e pedregoso, com arbustos esparsos. Seguem algumas fotos, já que uma imagem vale por mil palavras.




Os israelenses com que conversei nas ruas, lojas e pontos turísticos foram muito educados e atenciosos. Mais ainda ao saber que éramos brasileiros.

Vida normal. O único fato digno de nota foi à entrada de um centro comercial em Jerusalém, que fica ao lado de um terminal rodoviário. Devido à concentração de pessoas tivemos de passar nossas bolsas e pertences em um aparelho de raio-x e nós passamos por um detector de metais. Apenas isso.

A comida é bastante diferente em seu tempero, mas sinto uma saudade imensa. Tudo bastante picante. Muitas frutas do lugar (tâmaras, damasco), queijos, peixe. É impossível tomar café com leite quente, porque leite só gelado.

Como é verão lá nessa época, o calor foi intenso, chegando aos 40º C. Todavia, é um calor bastante seco, o que o torna bem mais suportável.

JERUSALÉM:

O primeiro lugar que visitamos foi o Monte das Oliveiras. Embora nossa permanência tenha sido relativamente rápida, o pensamento que se repetia interminavelmente era sempre o mesmo: Jesus, meu Senhor e Salvador, também pisou nesse lugar um dia. Ele contemplou essa mesma vista da Cidade Antiga de Jerusalém. Ele orou ao Pai aqui. Ele se recolhia nesse lugar.



Tudo se dá num torvelinho, porque estava prestando atenção no Pr. Christian e no nosso guia, e queria me concentrar no Senhor, e não podia deixar de fazer fotos e o tempo acabou.

A emoção foi maior no próximo local: o Getsêmani. Pensar que aquelas oliveiras (as quais, estima-se, tenham cerca de dois mil anos) provavelmente foram testemunhas da agonia do Senhor é demais para qualquer um. Ali me desliguei das vozes do pastor e do guia e me concentrei no Senhor. Esse é um lugar imperdível.




Outro ponto em que é difícil manter a compostura é a prisão em que ficou o Senhor, sabendo que Ele foi jogado por uma das aberturas na sua parte superior e naquele cubículo permaneceu sofrendo durante a noite.



O Jardim da Tumba é um local lindo. Está fora dos muros da Cidade Antiga. Em uma das pontas está o Gólgota, a pedra em forma de caveira sobre a qual ocorreu a crucificação. Como contraponto, o jardim é cheio de vida, de um verde luxuriante, flores exuberantes. E o sepulcro do Senhor. Me recolhi no cantinho mais afastado daquele cubículo e aproveitei o tempo em que o grupo foi se revezando para fotos para ficar sentindo o lugar. Realmente, “Ele não está aqui, porque Ele ressuscitou”, como diz a placa da porta. Não há morte naquele lugar.





No Jardim da Tumba fizemos nossa ceia, porque é repleto de recantos destinados especialmente para isso, creio. Foi muito tocante e próximo do Espírito Santo esse momento.

Em Jerusalém estivemos ainda na Cidade de Davi, recentemente descoberta, que ainda está sob escavações exploratórias, onde observamos a casa de Bate-Seba, tal e qual Davi. No Tanque de Siloé, onde o Senhor mandou o cego se lavar. No túmulo do Rei Davi e no Cenáculo. Na Cidade Antiga e no Muro das Lamentações. E no Museu do Holocausto.











Nas proximidades da cidade estivemos em Bet Jamal, igreja e convento católico, para vermos como o Senhor Jesus está sendo levado para judeus, muçulmanos e membros de outras religiões pelas irmãs que tocam aquele local.

No retorno passamos pelo vale em que Davi enfrentou Golias.







No último dia em Jerusalém estivemos em Ein Kerem, na fonte em que Maria se avistou com Isabel quando ambas estavam grávidas.

Jerusalém foi emocionante, impactante, cheio de vida e História. Mas o Senhor estava preparando ainda muito no porvir...

MAR MORTO E DESERTO:

O Mar Morto é surpreendente. Lindo, de um azul turquesa. Descortina-se já da rodovia, recortado pelos montes arenosos.







A praia é de pedregulhos. Várias pessoas fazem terapia com a famosa lama do Mar Morto. A água é tépida e tomamos cuidado para não deixá-la entrar em contato com os olhos ou cabelos, pelo altíssimo teor de sal.

E no Mar Morto realmente não se afunda. Nem que se queira. Até se manter sentado é difícil.

Porém, nada me preparou para o deserto, que foi uma experiência única e inesquecível.

Chegamos ao acampamento beduíno, Kfar Nokdim, ao cair da tarde. Andamos de camelo. Participamos de uma palestra que nos apresentou à vida beduína, suas origens e costumes. O povo do deserto, que se deslocava por ele em busca de água e aprendeu a obtê-la daquele terreno inóspito. Que tem como regra acolher todo aquele que bate às suas portas, que se não for recolhido morrerá no deserto. Que sinaliza aos hóspedes que são bem-vindos se receberem três rodadas do café com borra, e de que devem partir logo se receberem apenas uma.

O que mais me chamou a atenção foi a alvura da veste do nosso anfitrião, impecável, onde era bastante difícil manter as roupas e sapatos limpos.

Após jantarmos alguns membros do nosso grupo se reuniram para louvar ao Senhor e esse foi um momento de unidade com o Espírito. Vinham pessoas de outras nações para nos ouvir cantar e para participar. Alguns irmãos contaram que era possível nos ouvir do outro lado do acampamento, bastante distante dali.

E fomos ao culto à beira da fogueira. Vinte e sete nações reunidas, mais de seiscentas pessoas, adorando e louvando ao Senhor à luz das estrelas e da lua. Precisa explicar mais? Foi muito intenso, lindo e emocionante.





Quando voltei à tenda e fui à Palavra antes de dormir abri no Livro de Salmos e meus olhos imediatamente foram chamados ao 47, “Deus, o rei da terra”. E meu coração foi impactado quando comecei a ler: “Batei palmas, todos os povos; celebrai a Deus com vozes de júbilo. Pois o Senhor Altíssimo é tremendo, é o grande rei de toda a terra. Ele nos submeteu os povos e pôs sob os nossos pés as nações. Escolheu-nos a nossa herança, a glória de Jacó, a quem ele ama. Subiu Deus por entre aclamações, o Senhor, ao som de trombeta. Salmodiai a Deus, cantai louvores; salmodiai ao nosso Rei, cantai louvores. Deus é o Rei de toda a terra; salmodiai com harmonioso cântico. Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo trono. Os príncipes dos povos se reúnem, o povo de Deus de Abraão, porque a Deus pertencem os escudos da terra; ele se exaltou gloriosamente”.

Não conciliei o sono naquela noite. Dormi intermitente e às duas da manhã era como se o Senhor me chamasse lá fora. Tomei minha Bíblia e meu MP4 e saí. A noite estava gloriosa, cheia de estrelas no céu, a lua que brilhava. A quietude, uma brisa leve. E eu ouvindo louvores ao Senhor nesse cenário. Agradeci-Lhe por aquele momento. Abri a Palavra, novamente no Livro de Salmos. Salmo 8: “Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. (...) Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites?”. Salmo 9: “Louvar-te-ei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas. Alegrar-me-ei e exultarei em ti; ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores.” Coincidência? Aquele que serve ao Senhor sabe que só existem Jesuscidências.

E ali o Senhor falou comigo. Me lembrou sobre uma promessa que havia sido feita sobre a minha vida há dois anos, na Convenção Estadual da Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno). Essa promessa era de que se me mantivesse firme na fé Ele me levaria para lugares onde jamais sonhei, que ouviria povos de línguas que nem imaginava que existisse. E lá estava eu num acampamento beduíno, no meio de um deserto de Israel. Eu nem sei contar sobre todas as pessoas com as quais conversei nessa viagem. Da Ucrânia, Chile, Tailândia, Portugal, Polônia, França, Madagascar, México, África, Ilhas Fidji, Rússia, Armênia, Suíça, Suécia, Itália, Estados Unidos. E houve, sim, pessoas cujas línguas não identifiquei.

E o Senhor me disse que isso não era nada. Que muito ainda há por vir. E uma frase ficou gravada a fogo no meu coração: “Não temas, crê somente”. Como o Senhor conhece o nosso íntimo! Ele sabe dos temores que tive nesse ano por conta de uma escolha que fiz em prol do Evangelho. Temores sobre o futuro, que me trouxeram muita inquietação. E meu coração se aquietou a partir daí.

Ainda não satisfeita, via várias pessoas passando pela tenda em direção ao deserto propriamente dito. E tomei coragem de me afastar quando vi um casal de amados do nosso grupo, a Sandra e o Magno, rumarem para lá. Fui sozinha e me sentei sobre um dos troncos que os beduínos dispuseram lá para que as pessoas contemplem o deserto.

Ali me derramei ao Senhor. Chorei muito, copiosamente. Porque naquela imensidão, observando as formas do deserto naquela claridade tênue, a negritude do céu pontilhado de estrelas brilhantes, ouvindo o louvor “Diante do Trono”, do Diante do Trono, senti o peso da majestade do Senhor. Estava nos braços do Pai e foi tão forte que fechei os olhos, em temor ao Senhor.

Essa noite eu jamais esquecerei. Às vezes estou aqui e me transporto para lá. Hoje os versos “transforma o meu deserto em um jardim secreto, lugar de intimidade contigo”, do louvor “Tua Presença”, também do Diante do Trono, ganharam um significado especial para mim.

GALILÉIA:

Passamos por Sansana, um assentamento que visa povoar o Deserto do Negev, e pela próspera cidade mediterrânea de Ashdod em nosso trilhar para a Galiléia. Podemos dizer que assim cruzamos todo o país. Aliás, o Mediterrâneo é inexplicavelmente lindo e de águas quentes. Maravilhamento.




Na Galiléia estivemos no Monte das Bem-Aventuranças; em Tabgha (onde houve a multiplicação de pães e peixes); em Cafarnaum, onde está relativamente preservada a sinagoga e a casa de Pedro; em Mensa Christi, onde o Senhor perguntou a Pedro se este o amava.



Fizemos também um passeio de barco pelo Mar da Galiléia, em uma réplica dos barcos de pescaria usados no tempo de Jesus. Esse foi outro momento impactante, porque paramos no meio do mar e tivemos uma ministração. Que veio ao encontro do meu coração, quando me lembrei mais uma vez da decisão que tomei, e do texto que li naquele momento, justamente sobre quando o Senhor disse a Pedro para jogar as redes em determinado local e voltaram elas abarrotadas de peixes, e que devemos tomar a direção que o Senhor nos indica e o resultado será esse, profícuo. E entendi que tomei a decisão certa. E me quebrantei e chorei, chorei, chorei.



Outro ponto alto foi o Batismo no Rio Jordão, quando quatro irmãos nossos desceram às águas. E outro batismo de uma irmã no Mar da Galiléia. Não importa a quantos batismos eu assista, sempre é um momento de grande emoção. Fico me lembrando do meu batismo e de como a minha vida mudou desde que aceitei a Jesus, e orando para que isso aconteça também com essa pessoa que está declarando ao mundo sua fé em nosso Senhor naquele momento.

RETORNO:

Os dias que passamos em Israel foram poucos, mas intensos. Deixaram muita saudade. Foram dias de liberdade no Espírito, de corpo, mente, alma e espírito dedicados ao Senhor, de reflexão, dia e noite, na Palavra de Deus. De intimidade com Deus.

Entendi a importância de se orar por Israel, povo escolhido pelo Senhor, e por Jerusalém, a cidade na qual o Senhor retornará.

Quando era adolescente subia na laje do terceiro andar da minha casa, em construção, e fitava o horizonte, ansiando saber o que havia para além daquela linha que a minha vista conseguia alcançar. Hoje eu sei o que há. A minha alma anseia em voltar.

O Senhor me deleitou e me tratou nesses dias. Estou orando a Ele, nesse momento, de que se for esse o desejo do seu coração, que você também vá a Israel, no tempo do Senhor. E que eu volte, se essa for a vontade Dele.

Shalom.