Às vezes é muito difícil aguardar pelo tempo do Senhor. Silenciar, aquietar o coração, esperar nele e confiar.
Fico pensando nos heróis bíblicos e no bocado de coragem e de fé que tiveram.
A começar por Abraão. Que coragem! Pois o Senhor lhe disse, “sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei”, Gênesis 12:1. E Abraão não titubeou. Depositando toda sua confiança e esperança no Senhor, cumpriu com o seu desígnio. E o Pai cumpriu com sua promessa, levando-o à terra que lhe prometera. E nele fez benditas todas as famílias da Terra.
O mesmo se diga quanto a Moisés; que obedeceu ao Senhor, tirando o povo de Israel da terra do Egito e livrando-o da escravidão, conduzindo-o pelo deserto à terra prometida. E que teve como a maior recompensa Deus falando-lhe face a face: “falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11).
E José, o pai terreno de Jesus, que obedeceu as ordens que o Senhor lhe mandou em sonhos: sonhou que deveria receber Maria; sonhou que não deveria retornar à presença de Herodes; sonhou que deveria ir para o Egito e sonhou que deveria retornar do Egito; assim como sonhou que deveria se estabelecer na Galiléia. E teve o privilégio de ser o pai do Salvador, do Redentor, quando teve ele de vir a essa Terra.
O próprio Senhor Jesus, coração e luz da Bíblia. Escolheu obedecer ao Pai e teve por recompensa o resgate da humanidade, caída desde o pecado original. E sentou-se à destra do Pai.
Quando nos queixamos de esperar, quer maior espera que a do Senhor Jesus? Espera pela sua segunda vinda, triunfal, para buscar os seus irmãos, de quem a Bíblia afirma que é o primogênito?
E quanto a esse tempo afirmou que “... a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos do céu, nem o Filho, senão o Pai” (Marcos 13:32).
Se o Senhor Jesus, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Salvador, Redentor, que está sentado à direita do Pai, não sabe a hora de seu retorno, que dirá nós quanto às nossas esperas...
Aliás, a humanidade teve de aguardar pela salvação. E por quanto tempo? Ora, desde o pecado original até a morte de Jesus. É um bocado de tempo...
No livro Os Fundamentos da Nossa Fé o Pastor Ulf Ekman afirma que “antes da fundação do mundo, Deus sabia em seu coração que o homem pecaria. Também sabia que o reconciliaria. Em sua onisciência, Deus sabia que o homem escolheria o pecado e a rebelião e suas consequências”.
E ainda assim levou do pecado original à ressurreição de Cristo para que o plano da salvação fosse cumprido!!!
O que importa, em verdade, é obedecer à vontade do Pai. Estar alinhado com ela.
Abrãao tinha setenta e cinco anos quando saiu em busca da terra prometida por Deus (Gênesis 12:4). E cem anos quando nasceu Isaque (Gênesis 21:5). Moisés tinha oitenta anos quando falou a faraó (Êxodo 7:7). E permaneceu no deserto com o povo de Israel por quarenta anos (já que morreu aos cento e vinte, como afirma Deuteronômio 34:7, às vistas da Terra Prometida). E Jesus aguardou trinta anos para dar inicio ao seu ministério. E ainda teve de se apartar várias vezes, porque não chegara a hora de se cumprir o plano de salvação.
O importante é cumprir com a vontade de Deus. Obedecê-lo. Mesmo quando Abrãao estava na jornada rumo à Terra Prometida, ou aguardando por Isaque, estava no caminho para cumprir com a vontade do Senhor. Moisés, ainda que não tenha adentrado a Terra Prometida, tirou o povo do Egito e conduziu-o quarenta anos pelo deserto. Essa era a vontade do Senhor para ele. Cumpriu-a. O Senhor Jesus teve de aguardar por trinta anos por seu ministério, o qual durou três anos, para que então fosse cumprido o plano de salvação. Mesmo durante esse período de espera, estavam todos a caminho de cumprir com a vontade do Senhor.
José é outro grande exemplo. Teve de ser vendido como escravo, teve de passar tempo preso, para que fossem criadas as condições para que acabasse se tornando o homem de confiança do Faraó: “administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior do que tu” (Gênesis 41:40).
Intimidade com o todo-poderoso. A espera pode ser um tempo para cria-la.
Confiança no todo-poderoso. Certamente é um tempo para isso também.