sexta-feira, 4 de julho de 2014

Convite à solitude

Sempre gostei da palavra solitude. Me remete à ideia de um retiro voluntário. E penso que Deus tem uma ótima oportunidade para trabalhar em nós nesses momentos de solitude, de retiro voluntário. Ao contrário da solidão, que carrega em si um sentimento negativo, a solitude evoca algo positivo. Sente solidão quem não queria estar sozinho; sente solitude quem se sente confortável ao estar consigo mesmo.

Por isso, Convite à Solitude, de Brennan Manning, foi um convite pra mim.

                             


"... descobri que me conecto melhor com o outro quando me conecto com o meu eu interior. (...) O silêncio e a solitude são artigos preciosos em minha vida. Meu eu irrequieto encontra paz somente quando descanso em Deus. (...) ... a minha necessidade mais urgente na vida é ficar só. Da mesma maneira que um homem faminto precisa de alimento e um homem sedento carece de água, eu necessito de solitude - um tempo para alcançar aquele estado de paz e tranquilidade no qual eu consiga me recompor, recobrar o ânimo e simplesmente funcionar, oferecendo às pessoas aquilo para o que, no plano de Deus para mim, fui designado."

Quando li tudo isso, pensei, "esse cara me conhece! Isso me traduz tão bem!". Porque realmente acredito e vivo isso. Amo conviver com minha família, amigos e todas as demais pessoas que fazem parte da minha vida. Mas me é simplesmente essencial a solitude para funcionar bem, para aquietar o meu eu, estar em paz comigo e com Deus, dar-lhe espaço para trabalhar em mim.

E a partir daí o autor passa a discorrer sobre suas experiências, faz reflexões sobre sua trajetória com Cristo e muitas vezes expõe seus questionamentos.

"Em geral, experimentamos a beleza primeiro nas coisas que nos cercam. Às vezes em coisas facilmente perceptíveis, outras vezes na transparência de um olhar ou de um relance que revela uma alma completa de luz. Sempre que encontramos o belo, nosso coração desperta, estremece, aviva-se, experimenta emoções, porque há um poder extraordinariamente mágico nas menores coisas: uma planta minúscula que floresce na primavera, uma sombra do céu em determinado momento do dia, uma noite calma e fria a brilhar com o fulgor das estrelas - tudo o que arrebata o coração. São uma pequena mostra do Paraíso Perdido na terra, onde tantas coisas estão dilaceradas ou a esfacelar-se. São pequenos oásis no vasto deserto do mundo."

"Será que levar a vida a sério passou a significar levar uma vida de tristeza? Será que 'viver' é apenas outra palavra para 'resistir'?"

"Ciente de que Deus toma a iniciativa e de que por sua graça somos salvos, estou agora trabalhando com a sinceridade, a seriedade e a ferocidade da minha determinação em corresponder a sua graça salvadora. Sem ele, nada posso fazer (cf. Jo 15:5). Mas, sem minha cooperação, ele pode não fazer nada. Cristo não me santificará sem a minha vontade. Creio que ele me dará ao final exatamente aquilo que eu escolher e creio que as tendências e desejos implícitos em minhas escolhas serão meus, irremediavelmente. A obediência à Palavra, o hábito da oração constante e a prática diária da virtude cristã exigem colaboração ativa de minha parte."

Para mim valeu muito a leitura desse livro. Recomendo.

Charles R. Swindoll, em seu livro Intimidade com o Todo-Poderoso (amo esse livro, não sai da minha mesinha de cabeceira), também destacou, dentre o que chamou de disciplinas para se atingir esse objetivo, o silêncio e a solitude.

"O silêncio é indispensável se quisermos alcançar profundidade em nossa vida espiritual. (...) O silêncio afia os cantos vivos de nossa alma, sensibilizando-nos para sentirmos os leves toques de repreensão de nosso Pai celestial. O barulho, as palavras e os programas alucinantes, agitados, insensibilizam os nossos sentidos, fechando os nossos ouvidos à sua voz tranquila, suave, tornando-nos insensíveis ao seu toque."

"A solitude tem sido chamada de 'a fornalha da transformação'. (...) É um oásis da alma em que vemos a nós mesmos, em que vemos os outros, e especialmente o nosso Deus de uma maneira nova. (...) A transformação da alma acontece quando a serenidade toma o lugar da ansiedade.
Na solitude ocorrem lutas de que ninguém mais fica sabendo. Batalhas profundas são travadas nos momentos em que se está só, e raramente elas dão subsídios para sermões ou ilustrações de livros. Deus, que sonda os nossos mais profundos pensamentos nos períodos em que estamos em solitude, abre os nossos olhos para coisas que necessitam de atenção. São nesses momentos que ele nos faz conscientes daquelas coisas que tentamos esconder dos outros."

Você já teve o seu momento de silêncio e solitude hoje? 


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